sexta-feira, 13 de maio de 2011

A Voz do Silêncio



Geralmente posto somente textos meus, pois é um espaço de deixar fluir a emoção, mas hoje vou postar um texto de Martha Medeiros...















Paula Taitelbaum é uma poetisa gaúcha que acaba de lançar seu segundo livro, Sem Vergonha, onde encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim: "Pior do que uma voz que cala/É um silêncio que fala". Simples. Rápido. E quanta força.

Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades. Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.


Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim. É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo.

Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: "diz alguma coisa, diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando". É o silêncio de um mandando más notícias para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças dos shows do Sepultura, o silêncio é uma megasena.

Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem. (Martha Medeiros)

3 comentários:

Maria das Graças disse...

"o silêncio não é dado a amenidades". Sim!! Percebe-se que algo está por acontecer e é questão de tempo....
Mas é também questão de tempo que aprenderemos a lidar com tudo isso ou, pelo menos, ganharemos experiência para o próximo "silêncio".

Fernando Imaregna disse...

Oi Mô...

Para "variar", é Martha...sempre...

Li esse texto muitas vezes. Maria das Graças em seu depoimento acho que traduziu o que eu gostaria de "depor" : com o tempo, ganhamos experiência em lidar com os silêncios, até o próximo...hum rum...

Show...bela escolha...
Besos mi cariño !
N.e.o.q.e.a.v

Ribamar Silva disse...

Se, eventualmente grito,
é porque você não costuma ouvir
o meu silêncio...

Ribamar Silva